Tem dias em que a gente veste a peça mais bonita da gaveta. Aquela que a gente comprou animada, que combinou com a pele, com o humor, com a fase. A peça é linda. Nova. Confortável. E ainda assim… o espelho olha de volta e a sensação não acompanha o look. 

O corpo parece estranho. O caimento parece esquisito. 
Você começa a ajustar aqui, puxar ali, prender a respiração — como se o problema fosse a peça. 

Mas não é. 

A peça é só o que está no corpo. 
O que está dentro, hoje, pesa mais do que qualquer alça. 

Autoimagem não se resolve com renda 

A gente foi ensinada, desde cedo, que se arrumar melhora o dia. E muitas vezes melhora mesmo. 
Uma lingerie bonita pode mudar a postura, a forma como a gente pisa no chão. 
Mas também tem dias em que o problema não está na calcinha, no top, no body, nem no tecido. Está no que o espelho devolve — e no jeito como a gente interpreta aquilo. 

Porque o espelho não mostra só a imagem. 
Ele mostra a bagunça da semana, o tanto que você se cobrou na segunda-feira, a comparação que você fez sem querer no Instagram, a insatisfação acumulada com o que você não deu conta. 

Ele mostra o que está refletido por dentro, antes de tudo. 

O corpo não mudou, mas a gente sim 

É curioso como, às vezes, o corpo está igual ao de ontem — mas o jeito de olhar para ele não. 
Ontem você se sentiu bem com aquela mesma peça. Hoje parece que ela não pertence mais a você. 

E é aí que entra a conversa real: não é sobre a lingerie. 
É sobre o peso invisível que a gente carrega. 
Sobre a cobrança de estar sempre “bem resolvida”, sempre “conectada com o corpo”, sempre “positiva” com a imagem. 

A gente romantiza a autoestima como se ela fosse uma linha reta. Mas ela é mais como uma maré: tem dias bons, dias médios e dias que a gente só quer colocar um pijama largo e sumir por 8 horas. 

A lingerie tem que acompanhar — não corrigir 

 

A lingerie não é o conserto de nada. 
Ela não veio para esconder barriga, levantar autoestima ou resolver uma insegurança sozinha. 

Ela veio para acompanhar você, do jeito que você está hoje.

Para abraçar seu corpo real, com o humor real, na rotina real.